Centro Latino-Americano de Pesquisa Stanislavski - Stanislávski e o Método da Análise Ativa

Stanislávski e o Método da Análise Ativa

Lançamento do Livro Stanislávski e o Método da Análise Ativa

22/03/2019

Foi um lindo  bate papo com a autora sobre a base metodológica de preparação do ator e do diretor criativos dentro do Sistema de Stanislávski: O Método de Análise Ativa e o seu instrumento de criação (o método das ações físicas) e as leis da criação cênica.

 

Uma das grandes belezas da noite foi a presença de diversos ex alunos da autora, da Universidade Federal de Santa Maria, que vieram  de diferentes estados do país para compartilhar  o lançamento de um  livro tão importante para nosso teatro.

Abaixo depoimentos de alguns ex alunos sobre a seguinte questão:

O que você considera essencial do conhecimento adquirido sobre o “sistema” de Stanislávski na UFSM e as ressonâncias do mesmo em suas práticas artísticas e pedagógicas? O que dessa raiz ainda hoje ressoa no seu fazer artístico e pedagógico?

 

(…) a prática de me colocar ativa visou ultrapassar a proficiência do trabalho sobre a cena, do resultado em forma de espetáculo, pois colocar-me ativa é, ainda, buscar alegria, e encontrá-la, ao perceber que, mais do que um modo de operar, o sistema me trouxe a possibilidade de compreender no trabalho do ator sua condição criadora. Gosto de usar a expressão condição, pois acarreta uma acepção do inevitável no fazer do ator, desde que essa seja sua escolha. E que alegria maior o mestre poderia deixar?!

Inajá Neckel

Atriz, Diretora, Mestre e Professora na UFSM

O que reverbera deste aprendizado em minha prática artística e pedagógica é que o trabalho do ator sobre si mesmo em toda a sua complexidade tem muito mais a ver com o desenvolvimento do ator enquanto artista e ser humano do que com a vinculação de sua arte com algum estilo, gênero ou escola teatral qualquer…

Laédio José Martins

Ator, Diretor, Mestre e Professor substituto da UFSM

Atualmente, o que guia o meu trabalho é a vivência da manifestação do movimento no corpo, no espaço e no tempo. É pela produção do corpo atravessado pelas forças do mundo que o fluxo criativo pode se tornar presente.

(…) O Sistema configura experiências, e como tal, se transforma e se modifica diante dos processos e dos entendimentos que se somam e se produzem pelas vivências. O que de perene aflui destas variações, próprias da criação sempre em movimento, é a de que o Sistema, elaborado para dar ao ator o acesso à criação, nos liga ao movimento da vida. A partir daí é o movimento mesmo que produz o pensamento, a cena, a relação poética com a vida pelo trabalho do ator.

Adriana Dal Forno

Mestre, Doutoranda, Professora da UFSM

Acredito que a natureza pedagógica  do sistema possibilitou e possibilita a consciência do comprometimento com uma autoria criativa, na revelação das forças intrínsecas ao texto que dão sentido, potencializam e movimentam  os conflitos concretizados pela ação e se tornou uma referência fundamental na minha prática educacional. Hoje, lecionando no Ensino Fundamental, não utilizo o sistema de forma direta, mas os princípios que aprendi são recorrentes no propósito de entender a arte e a educação e constituir um processo conjunto com a experiência dos educandos…

Luiz Fernando Oliveira Marques

Ator, Diretor, Professor da rede pública do RS

O Sistema me apresentou uma série de ferramentas concretas, perceptíveis – a análise ativa e a metodologia das ações físicas e seus desdobramentos – com as quais eu posso modular meu trabalho artístico, proporcionando que este trabalho nunca se esgote e recebendo dele sempre uma oportunidade de crescimento pessoal, como ser humano. O Sistema me faz ser uma aluna para o resto da vida, pois sempre há mais a se descobrir sobre ele, sempre há novas formas de abordagem e novas perspectivas a serem consideradas. Isso faz com que, como artista, estejamos sempre em evolução, não ficamos parados, estagnados. Há sempre uma forma nova, um exercício novo, uma nova maneira de transmitir e compreender. As suas ferramentas apresentam em si, algo que eu descrevo como uma abertura, que parece sempre permitir que o artista imprima o seu olhar sobre a prática teatral.

Graciane Pires

Atriz, Diretora e Mestre em Artes Cênicas

Uma vez tendo entrado em contato com o Sistema, jamais veremos uma obra da mesma maneira. Com ele aprendemos como nos colocar nela. O Estudo no trabalho é fundamental. Com ele desvendamos as coisas por trás das coisas, e no Teatro de Animação (Teatro de Bonecos), onde também temos que revelar os significados da matéria, revelar o que existe além do objeto, é para nós mais fundamental ainda. Com o Sistema aprendemos a nos fazer perguntas e nos colocar em situação de dúvida e curiosidade com a criação teatral.

Cleber Laguna

Autor, Diretor e Ator

Márcia Fernandes

Atriz

Cia. Mevitevendo

Sou professora de yoga e praticante há mais de 15 anos de Ashtanga Vinyasa Yoga. A sequência de estilo de yoga é fixa, portanto todo dia fazemos a mesma coisa, pelo menos aparentemente, como uma partitura. Mas como deixar a série viva e fluída? Através das ações internas durante a execução de cada Ásana. Os Ásanas, se não forem executados com ações internas se tornam pura e simplesmente atividades físicas, posturas vazias. Ásanas são posturas com algo a mais, algo que nasce no interior do corpo gerando fluidez através do relaxamento na execução dos Ásanas, que deve ser livre de tensões, permitindo assim uma vivência plena. O Sistema e os seus ensinamentos me acompanham pra sempre e influenciam toda a minha prática, sobretudo no que se refere a concentração e a presença.

Adriana Patias

Atriz e Professora de Ashtanga Vinyasa Yoga – SP

O sistema permeia toda a minha prática, mesmo quando não trabalho com o sistema, quando vejo estou analisando as ações dos atores e do texto. É algo que é intrínseco ao meu modus operandi. Sem pensar, sem dizer, eu estou usando o sistema, ele é permanente, sempre me “cutuca”, sempre me faz perceber detalhes.

Joice Aglae Brondani

Atriz, Diretora, Doutora e Professora da UFBA

 

Minhas referências práticas remontam ao curso da UFSM, onde aprendi as bases de meu ofício, e onde pude perceber a importância de continuamente revisarmos nossas ações, seja em relação à vida ou à cena, buscando um comportamento condizente com a potência de nossa arte. Quando falo em arte do ator, ação física real, quando penso o teatro e os movimentos que é capaz de promover, o que tento ter comigo é a referência da própria vida, do ser humano em ação na vida, da ação orgânica e efetiva.

Priscila Genara Padilha

Atriz, Diretora, Doutora, Professora da UFSC

 

O trabalho sobre a improvisação é pra mim o grande legado de Stanilávski, que recebi na UFSM, bem como o entendimento de que são pelas ações que o ator se comunica no palco. O trabalho sobre os elementos do “sistema”, como a imaginação, concentração, tempo-ritmo, entre outros, acompanham-me desde sempre e são a base do meu trabalho como pedagoga teatral. Quase tudo que sou vem dessas experiências, inclusive as certezas de quais ideias seguir ou não em teatro.

Cristiane Werlang

Atriz, Diretora, Doutora e Professora da UFRGS

 

A partir de minha formação na UFSM, compreendo os ensinamentos de Stanislávski não como um conjunto de elementos rígidos, mas como um caminho concreto para o entendimento dos movimentos do corpo e da alma em ação. O “sistema” é um norte para organizar artisticamente as intensidades que experimentamos quando nos colocamos em cena. Proporciona percebermos a transformação do movimento em ação. Ação esta prenha de imagens.

Gustavo Muller

Ator, Mestre e Professor

 

O “trabalho do ator sobre si mesmo” é o que faz sentido em minha trajetória dentro do teatro, pois aprendi com o “sistema” que além de ser fundamental para o ofício do ator, é também um instrumento de autoconhecimento, transformação e de aprimoramento do ser nos diversos níveis: físico, emocional, espiritual. Quanto mais nos apuramos como pessoa, no sentido de buscar um desnudamento, um autoconhecimento, uma honestidade em nossas ações, mais a verdade pode se revelar em cena, e o oposto também é verdadeiro. Quanto mais encontramos a verdade em cena, mais ela pode transparecer em nossas vidas.

Luana Rodrigues

Atriz, Bailarina e Professora de dança/teatro balinesa

 

Toda a minha formação, da graduação (UFSM) até o doutorado foi acalentada pelo teatro. Por esta comunhão entre as pessoas que se propõem a vivenciar e experimentar uma situação que as retire do conforto tanto físico quanto intelectual submetendo-as à provocações, questionamentos e reflexões sobre a sociedade vigente como sobre si mesmo, como seres humanos. Os ensinamentos sobre o “sistema” de Stanislávski afloraram e saíram do espaço teatral para ocupar não somente a pesquisa de doutorado, como também guiar a criação do material didático que uso na escola de francês da qual sou fundadora.

Bia Noy

Atriz, Bailarina, Doutora e Professora de francês da escola Chouette

 

Todo o conhecimento adquirido sobre o “sistema” de Stanislávski durante a graduação (UFSM), formou a base de meu entendimento teatral como artista e professora de teatro. Compreender o teatro por meio da ação foi e tem sido fundamental para sanar questões artísticas e criar novas . Sou professora na área de direção teatral e atuação, sendo que todas as disciplinas que ministro estão diretamente relacionadas ao “sistema” de Stanislávski, sobretudo, ao que se refere a compreensão da análise ativa. Tenho exercitado com os estudantes a compreensão do processo de criação através do método, assim como foi utilizado como base em minhas pesquisas de mestrado e doutorado. A formação adquirida sobre o “sistema” ecoa e se transforma até hoje em minhas práticas artísticas e pedagógicas e são a base essencial e pulsante de minha formação.

Adriane Gomes

Atriz, Diretora e Professora da UEL

 

Ao chegar ao curso de artes cênicas da UFSM, sequer tinha consciência de meu corpo. Não sabia ver, ouvir, estar, mas tinha imaginação. Como tornar-me um ser vivo em cena, converter a imaginação em ação e em criação? Fui percebendo inicialmente a relação do corpo com a imaginação. A necessidade dos ‘músculos livres’ para concretizar o imaginado. Foi fundamental na minha formação como ator a maneira como os elementos do ‘sistema’ eram introduzidos, levando-me ao entendimento das práticas que formam a base para liberdade criadora do ator em cena.

Rafael Sieg

Ator e Diretor

 

O conhecimento sobre o “sistema” de Stanislávski adquirido na UFSM tem sido a base e a motivação de todo o meu fazer artístico e pedagógico. Os ensinamentos disseminados tocaram-me tão profundamente que sou capaz de lembrar a sensação que tive ao entrar em contato, pela primeira vez, com o Método de Análise Ativa: a sensação de desvendar uma obra textual, de enxergar além das palavras escritas e das imagens sugeridas imediatamente por elas. Toda uma rede complexa de informações, de novas imagens e associações, veio à tona revelando a profundidade e as possibilidades cênicas do material textual. Foi como se uma cortina cerrada fosse se abrindo aos poucos, na medida em que a investigação prática da análise evoluía por meio da criação cênica dos alunos-atores e alunos-diretores. Nesse momento, pude tomar contato tanto como atriz quanto como diretora, com o trabalho sobre as ações físicas. Fui arrebatada por esse conhecimento e pelos princípios que o norteiam.

Michele Zaltron

Atriz, Diretora, Doutora e Professora

O que eu considero essencial do meu aprendizado sobre o “sistema” de Stanislávski na UFSM é um aprendizado ético e estético concreto e denso, mesmo porque ultrapassa em muito os limites da grade curricular que remete a uma maestria de compreender os fundamentos do “sistema” e favorecer que, impulsionados por eles, fizéssemos nossos caminhos. Além do aprendizado dos elementos do “sistema” importou a maneira como me foi transmitido o fundamento que considero o mais forte do “sistema”: o estabelecimento da “condição criativa”.

Camilo Scandolara

Ator, Diretor, Doutorando e Professor da UEL